União dos Negros de Petrópolis comemora o Dia da África no sábado

Tribuna de Petrópolis - 09/06/2011


Pedro Fernandes, presidente da Unep

A União dos Negros de Petrópolis (Unep), criada em 2008, promove neste sábado o seu VIII Encontro, que tem como tema África: continente de conquista e de resistência. O evento comemora o Dia da África, data celebrada no dia 25 de maio, entre 13h30 e 17h, na Escola Germano Valente (Rua Dr. Sá Earp, 88 – Centro). As palestras lembram a importância da cultura afro na educação, a discriminação racial e social e as doenças da população negra. A coordenação é de Pedro Fernandes, presidente da Unep.
A nossa atuação não está só em Petrópolis, mas procuramos auxiliar as lutas em todo o estado. Esse encontro visa a Educação, pois através dela é possível eliminar a desigualdade racial e social. A Lei Federal 10.639/2003 torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira em todos os estabelecimentos de ensino do país. Infelizmente, ela não está sendo cumprida na cidade. Em localidades como Nova Friburgo, a situação já está bem avançada”, disse Pedro Fernandes.
Pedro relatou também que uma de suas principais lutas na área é a busca de tratamento para pessoas com doença falciforme, mal que afeta os negros. A enfermidade é hereditária e resultado de uma modificação genética na produção de hemoglobina. A doença chegou ao Brasil através dos escravos. “A anemia falciforme veio com os africanos e hoje estima-se que 3,5 mil crianças nascem todos os anos com esse problema. Ela é agravada no inverno, com dores e inchaços nas articulações. Importante destacar que o diagnóstico já pode ser feito no teste do pezinho”, declarou ele.
Pedro Fernandes informou ainda que, para combater a doença, é necessário que os números sejam verdadeiros. De acordo com o presidente da Unep, a Secretaria de Saúde do município mandou ao Hemorio, que costuma realizar os tratamentos, uma lista contendo 29 pessoas com doença falciforme em Petrópolis, em 200, porém, de acordo com Pedro, o número de doentes deve chegar a pouco mais de 500 neste ano. Trezentos destes já teriam sido encontrados pelos agentes de saúde.
Eu não quero um hospital, mas desejo ter uma sala em alguma casa de saúde para tratar estas pessoas. A anemia falciforme não avisa o dia que vai entrar em uma crise, por isso entendo que o deslocamento de uma van para o Hemorio é mais caro e desgastante. Os profissionais podem vir do Rio de Janeiro e fazer os procedimentos aqui, é até uma questão de comodidade para os pacientes”, informou ele. 
O líder do movimento negro em Petrópolis é também historiador e disse que a história da população negra deve ser resgatada e divulgada para que outros também a conheçam. “Os negros libertos juntavam dinheiro para comprar a carta de alforria de outros negros da cidade. O local em que eles se reuniam ficou conhecido como Praça da Liberdade, onde também comemoraram ao fim da escravatura, sem contar que 300 escravos foram mortos em Pedro do Rio, em 1839”, contou ele.

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