Testemunho Seu Zé e Dona Lucy

Dominus - Nº 47 - Outubro/Novembro de 2011

Grandes exemplos de fé e amor em nossa comunidade
Na busca por testemunhos de pessoas que, em vida, colocaram-se disponíveis à vontade de Deus e foram exemplo dentro da nossa paróquia, chegamos a um casal que professa a sua fé há 55 anos. É o caso dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão (MESC) José Carlos Baptista e Lucy Gouvêa Baptista, conhecidos carinhosamente como Seu Zé e Dona Lucy. Nascidos em São João Nepomuceno, Minas Gerais, ele em 13 de abril de 1928 e ela em 21 de setembro de 1935, se casaram em 14 de julho de 1956.
Seu Zé veio para cidade com 14 anos, junto do tio Albano Baptista, pai do vereador Baninho, chegando aqui no início de 1943. Já adulto, ele foi buscar a prima Lucy para ser a sua esposa e a trouxe logo depois para Petrópolis. Após três anos morando na Castelânea, realizaram a mudança para o endereço atual, no número 591 da Rua Capitão Danilo Paladini. Dessa união, resultaram seis filhos: Lúcia Aparecida (57), Ana Maria (52), Neusa Maria (51), Cristiane (44), Carlos Alberto (42) e Ricardo (34).
O envolvimento com a igreja de São Sebastião veio antes mesmo de existir o templo físico. “Eu já ajudava nas festas que serviram para arrecadação de verbas para a construção da igreja. Ia às missas que eram celebradas pelo Frei Leão na Escola André Rebouças. Ele foi um homem público, foi além da atuação dele dentro da Igreja. Era muito popular”, destacou ele. Dona Lucy lembra que, quando veio para o bairro e foi conhecer a igreja, ela ainda estava em obras, mesmo tendo sido inaugurada um ano antes, em 1955. “Tinha parede ainda em pau-a-pique”, lembra ela.
Na atuação em diversos grupos, movimentos e pastorais, cada um procurou ajudar como foi possível. Dona Lucy faz parte da Legião de Maria a cerca de 20 anos, além de ser ministra da eucaristia. Seu Zé participou da Liga Católica por muitos anos. Juntos fizeram o 1º Encontro de Casais com Cristo – ECC – da paróquia, realizado no Terra Santa, sob a orientação do saudoso Frei Kerginaldo Memória.
Foi desse encontro que saiu uma valiosa experiência com outros casais que se tornaram verdadeiros amigos. Surgiu daí o Círculo Azul, que esteve junto por 17 anos e era formado ainda por: Gracinha e Gilberto, Leninha e Moacir, Alcebíades e Djanira, Jorge e Rosângela e Márcio e Márcia. “Foi um dos que mais durou”, fez questão de ressaltar Dona Lucy. Eles lamentam o fim do círculo, onde sempre partilharam bastante.
Tão marcante quanto ver o seu Zé trabalhando na padaria era vê-lo ajudando no altar como ministro, função que ele desempenhou com amor por mais de 20 anos e só deixou por motivos de saúde. “Quem me convidou foi frei Waltencyr. O convite veio de forma natural, pois sempre participava das missas. Nas celebrações que ficavam cheias, o frei pedia para ajudar a distribuir a comunhão. E fiz isso antes mesmo de ser ministro, mas era uma situação especial. Mas quando ele me convidou oficialmente pediu antes que conversasse com a Lucy, para saber se ela estava de acordo”, relata ele.
Nesse momento, seu Zé já era figura marcante nos serviços paroquiais. Sempre estava ajudando nas festas e auxiliando em tudo o quanto era possível. Sozinho, ele colocava o programa da festa do padroeiro nos ônibus. “O trabalho nas festas era muito pesado. Como não existiam barracas da prefeitura, tínhamos que pegar madeira emprestada na casa das pessoas para montar tudo. Detalhe: a prefeitura não ajudava em nada, era tudo iniciativa nossa mesmo”, descreve ele. Dessa época ele destaca dois amigos que lhe ajudaram muito: Orlindo Carlos Forster e Paulo Silva.
Desse segundo, ele lembra de uma vez que foram responsáveis para arrumar os ramos que seriam utilizados no Domingo de Ramos. “Chegaram ensopados, pois tinha chovido muito naquele dia, quando foram pegar os ramos no Siméria. Zé Carlos teve até que pegar roupa emprestada para vir pra casa”, lembra Dona Lucy.
E houve um período em que as finanças da paróquia estiveram sob a responsabilidade de seu Zé. Entre janeiro de 1975 e março de 1982 ele foi o tesoureiro. Em 1974, montou-se um grupo encarregado de zelar pela manutenção da igreja. “O movimento financeiro era todo comigo. O dízimo ainda não existia. Comecei a atividade com os preparativos para a festa de São Sebastião, em janeiro de 1975”, conta ele. Do período, ele se recorda ainda que a confiança dos padres foi muito importante para cumprir bem o seu papel. “Com frei Jayr, eu ficava com todo o dinheiro e até a espórtula dele era eu que pagava”.
No livro caixa que guarda até hoje, seu Zé mostra o balanço do seu último mês como tesoureiro, março de 1982, já com frei Geraldo Monteiro. As únicas receitas eram a coleta (Cr$ 12.404,80) e a renda da festa (Cr$ 186.166,00) ainda na época do Cruzeiro. “Era muito pouco dinheiro, não dava para fazer nada com esses valores. Pagava-se só o essencial”, desabafa ele. Essa ajuda financeira continuou tempos depois quando veio a fazer parte da Pastoral do Dízimo até não ter mais condições de saúde para continuar. Foi o seu último trabalho na Igreja.
Ainda como tesoureiro, seu Zé se lembra de uma passagem curiosa. Em visita pastoral do então bispo diocesano Dom Manuel Pedro da Cunha Cintra, em 3 de outubro de 1979, foi preciso mostrar o balanço financeiro. Vendo a situação crítica por qual a paróquia passava, o próprio bispo perguntou: “Com a arrecadação tão pequena, como vocês conseguem pagar as contas?”
Foi assim que surgiu a ideia de abrir uma conta para a Igreja, o que foi feito no Banco Minas Gerais. “Eu abri a conta no meu nome mesmo para facilitar as coisas, ser mais rápido. Só depois que passei para o nome da Igreja”, disse ele. Seu Zé só deixou de ser tesoureiro quando frei Geraldo Monteiro pegou o dinheiro e avisou que cuidaria das contas sozinho sendo auxiliado por uma irmã que acabara de contratar para ser sua secretária.
“É muito bom poder participar da Igreja, apesar de ter me afastado um pouco por problemas de saúde. Infelizmente, nem nas missas de meio de semana tenho conseguido ir, só nos domingos mesmo. Mas a isso tenho que agradecer a um dos meus genros, o Pedro Paulo, que leva eu e Zé Carlos todo domingo de manhã. Eu até convido ele a participar da missa também, mas reconheço que já está fazendo sua parte” (sic), declara Dona Lucy.
No entanto, desde 2007, a casa da família Baptista não abriga somente uma numerosa e bonita família, mas é sede também da Comunidade Nossa Senhora das Graças, que nasceu como fruto das missões do Plano Pastoral de Conjunto. Os encontros começaram à luz das missões e se seguiram com o Curso da Palavra. “As pessoas da redondeza vinham no início, mas hoje são poucos que comparecem”, lembra dona Lucy.
“A nossa vida foi construída na Igreja. Sendo fieis na caminhada e sempre servindo na medida do possível. Foi assim que conseguimos levar também nossos filhos e netos”, conclui dona Lucy. Para Seu Zé, que se lembra de ter dado o seu primeiro sim a frei Ildefonso Silveira, nos anos de 1960, é conhecido também por seu lado emotivo e acabou deixando algumas lágrimas caírem no fim desse testemunho. “Não é para me vangloriar, mas enquanto eu pude, eu fiz”, afirma ele.

Comentários

  1. Conhecí muito Frei Memória, de quem tenho grandes recoredações dos seus atos caridosos,pois sendo pessoa de posses, tudo doava aos mais necessitados.Acompanhei sua vida religiosa desde o tempo da Matriz de S.Teresinha em Botafogo e depois em Cascadura, onde com muita honra ajudei a serrar o mobiliário, pois o anterior estava imprestável.Ajudei a pintar paredes,consertar instalações elétricas e hidráulicas, enquanto a "igreja do Amparo" funcionava em uma loja provisoriamente. Depois de reerguida a Matriz de N.S.do Amparo, ele seguiu seu caminho caridoso para o nordeste e perdí contato com o bom religioso de quem guardo imensa saudade.Salvador Borriello salvador_borriello@yahoo.com.br

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